segunda-feira, 29 de março de 2010

Ela,

E tem meu estômago revirando, a falta de ar e uma ansiedade imensa. E tu não entende e questiona "Mas por que tanta dor? É só chegar", como se o "só" nada significasse. E tento te explicar por todos os meios que o meu coração carrega um peso enorme nos tempos de agora, mas tu nem sabe do que estou falando e insiste na simplicidade do gesto, buscando me convencer. Então sorrio, beijo tua testa e desejo que tenhas sonhos melhores que os meus. Tu sorri de volta, abraça meu peito e diz que em poucos dias sentaremos nesta mesma sala e então te direi como as coisas foram fáceis, porque no fundo, onde ninguém se atreve a encostar, sei o que quero e preciso fazer.

Nossa conversa em sílabas e hiatos foi seguida ao fundo por Caetano cantando os versos que embalaram minha vida em outro momento, mas que, segundo tu, querem me contar em segredo que eu te quero (e não queres) como sou e não te quero (e não queres) como és. Assim mesmo, entendo.

Então me pego pensando que tu tens mais a me dizer do que realmente diz, mas espera que eu descubra sozinha e por isso tenta me fazer enxergar um outro lado da moeda - e tu me conta que toda moeda tem três lados ou mais - para que eu mereça meu sossego.

- Até a volta-, digo em voz alta pra me convencer.
Tu sorri e sai sem olhar para trás, porque é assim que somos.