sábado, 31 de outubro de 2009

Ela, sonhando:

Não consigo dormir.
Bocejo, espreguiço, corro pra cama e demoro, demoro, demoro...

Finalmente o sono me carrega, e agora estou com Morpheu.
Ah, as maravilhas do sono... o descanso, os sonhos...

Acordar? Aquela realidade um pouco detestável.
Sem as cores, os cheiros, o sabor que o sonho traz.
Sem o impossível, o longo vôo, a velocidade...
...a segurança de não ter os pés no mundo.

Tem dias em que desejo não acordar.
Não é sobre morrer. Não, claro que não!
Apenas pela vontade de estar perdida no desconhecido.
Apenas pela sede de pular do céu ao mar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Por mais madrugadas que tivessem se seguido, era inevitável esperar. O pequeno sopro, vindo de qualquer espaço, trazia um conforto inexplicável. A mecânica das coisas prendia, fixava, encerrava em si mesma aquele desejo que tinha nascido livre. Mas os anos de espera haviam transformado os gestos em súplicas e o coração pulsante agora não passava de restos de sonhos. No entanto, havia o sopro. Aquele instante onde tudo ficava para trás, onde a delicadeza ainda era possível, palpável, real.

Se empanhavam em não significar, mas estavam sempre procurando desculpa qualquer para se verem, e o fato de buscarem aqueles momentos deixava clara a intenção de não se perderem.

Há a razão.
E além dela.

dos limites

Os limites estão em todos os lugares.
Pior: nas pessoas.

Não, não é uma apologia ao não-limitismo - neologia tem encanto próprio - mas me pergunto vezemquando porque esses limites se acham no direito de sair de uma pessoa para a outra. Assim, num processo em que o seu limite invade o meu, tá me entendendo?

Dá uma vontade de xingar, né? De dizer que aquele filho-da-puta poderia pegar o achismo dele e enfiar em qualquer lugar impróprio.

Alguns conhecidos me diriam: "olha a brabeza!". Ora, ora... brabeza não é nada perto de invasão!


A quem interessar possa: hoje estou colorida.
E com sorriso no canto da boca.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ela lembrando








das saudades todas.


Num sem-fim.

a lua e a estrela

São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita
Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua
Vinicius de Moraes

domingo, 11 de outubro de 2009

roda-gigante

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

[...]

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir

Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

García Márquez, aos meus

Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja.

Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia.

Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crer que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre."

sábado, 3 de outubro de 2009

Caio F.

"... Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem. Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito linda e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.

Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,

Caio F.

P.S.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol."

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ra.cio.na.li.zan.do -

Me comprei coisas.
Depois me perguntei com que intuito.

Ora, ora...
...descobri que o que eu preciso não vem com um laço de fita.

E ainda tem música incidental.